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Moradores relatam aumento de usuários em Paraisópolis, em SP

Dependentes químicos passaram a ocupar barracos à beira de córrego e atrás de um parque na favela
Redação

Parte do terreno à beira do córrego Antonico, na favela Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, que havia sido desapropriado para obras de canalização, foi tomado por barracos de madeira há cerca de três meses, erguidos por usuários de drogas que passaram a viver no local.

As estruturas de madeira ficam sobre a terra enlameada, molhada pela água poluída do córrego, transformado em esgoto a céu aberto. No fundo do corredor estreito de barracos, usuários de drogas se amontoam para fumar crack com seus cachimbos.

Foto: Danilo VerpaUsuários de drogas se aglomeram em meio a barracos à beira do córrego Antonico, em Paraisópolis, na zona sul de SP
Usuários de drogas se aglomeram em meio a barracos à beira do córrego Antonico, em Paraisópolis, na zona sul de SP

O local, que começou a ser frequentado por alguns usuários, chega a ser tomado por dezenas de pessoas durante a noite.

Jefferson Silva, 24, o Gege, conta estar ali há poucos meses após experimentar K9, droga sintética que age no cérebro da mesma forma que a maconha, mas, com efeito muito mais potente. Cada dose custa, em média, R$ 10. Por causa da droga, ele conta ter deixado a casa alugada, o trabalho como comerciante e o projeto de se tornar um compositor de rap.

Morador de Paraisópolis, ele diz ter percebido a presença de pessoas desconhecidas, de outros pontos da cidade, que também passaram a ocupar os barracos para fumar crack, principalmente, à noite. Outra usuária afirmou ter pegado dois ônibus a partir da praça Princesa Isabel, no centro, para chegar a Paraisópolis.

Outra área desabitada na favela, atrás do parque Paraisópolis, também se tornou ponto de concentração de dependentes químicos no mesmo período. As estruturas de madeira em meio às árvores dividem espaço com montanhas de material reciclado, coletados por eles pelas ruas do Morumbi como fonte de renda.

A formação das novas aglomerações coincide com a dispersão da cracolândia, concentrada na rua dos Protestantes, no centro, até a segunda semana de maio, quando amanheceu vazia e os usuários de crack passaram a ser vistos em diversos pontos da cidade.

Antes da dispersão, as contagens diárias feitas pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) já apontavam uma redução gradual de usuários na cracolândia desde o fim de março, quando as cerca de 300 pessoas avistadas no período vespertino passaram a diminuir até chegar quase à metade um mês depois, em 21 de abril, quando havia 179 usuários na rua dos Protestantes, segundo a estimativa oficial.

"Antes mesmo de sumirem lá do centro, a gente tinha detectado que tinha aumentado muito o número de usuários aqui, não só em Paraisópolis, mas na região", diz o líder comunitário Janilton Jesus Oliveira. "A gente reclamou, procuramos as unidades de saúde, só que ninguém deu atenção. Eles invadiram a região", continua.

Aglomerações de usuários são também relatadas por moradores na rua Silveira Sampaio, que passou a ser ocupada por barracas com dependentes químicos há cerca de dois meses. "Há muita briga entre eles, e acúmulo de lixo", diz o líder comunitário sobre os transtornos.

A nova realidade tem sido tema recorrente das reuniões do Conseg (Conselho de Segurança) do bairro, que passaram a debater o aumento de ocorrências, como o furto de totens de câmeras de vigilância da frente de dois prédios a marretadas em uma rua a poucos metros da entrada da favela.

Os moradores reivindicaram da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) maior presença da assistência social municipal no local para atender o aumento da demanda e encaminhar os usuários para centros de tratamento, como ocorreu com frequência na região central.

Questionada, a gestão afirmou que fez 184 encaminhamentos para serviços de saúde e assistência social, entre março e maio, na Vila Andrade, onde fica Paraisópolis. A GCM intensificou o patrulhamento no entorno da região, que está equipada com as câmeras inteligentes do Smart Sampa, segundo a administração.

 

Fonte: Revista40graus e colaboradores

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