Malafaia é alvo de operação da PF e é proibido de falar com Bolsonaro e Eduardo
Pastor, alvo de investigação sobre tentativa de obstrução de julgamento, teve celular apreendidoO pastor Silas Malafaia foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal nesta quarta-feira (20). Ele teve o telefone celular apreendido no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, ao desembarcar de Lisboa.
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o pastor teve passaportes cancelados e não pode sair do país e nem manter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), mesmo por intermédio de outras pessoas.
Moraes também autorizou a quebra de sigilo de dados bancários, fiscais e telefônicos dos equipamentos apreendidos.

A PF havia incluído o pastor no inquérito sob relatoria de Alexandre de Moraes que investiga Jair e Eduardo e o comentarista Paulo Figueiredo por suposta tentativa de embaraçar as investigações.
"A continuidade das investigações demonstrou fortes indícios de participação de Silas Lima Malafaia na empreitada criminosa, de maneira dolosa e com unidade de desígnios com Jair Messias Bolsonaro e Eduardo Nantes Bolsonaro", afirmou Moraes, que autorizou as medidas contra Malafaia.
"Nós estamos diante de um criminoso chamado Alexandre de Moraes, que eu venho denunciando há quatro anos em mais de 50 vídeos", afirmou ao deixar o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. Malafaia foi alvo de busca e apreensão da PF.
"Eu não tenho medo de ditadores. Apreender meu passaporte, eu não sou bandido! Vai descobrir o quê? Dei a senha, não tenho medo de nada!", afirmou. Ele também afirmou que Moraes preside um inquérito "imoral e ilegal".
A Polícia Federal afirma ter identificado que Malafaia, "conhecido líder religioso", atuou em articulação com outros investigados "na definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas, bem como no direcionamento de ações coordenadas".
Para os investigadores, o objetivo do pastor seria "coagir os membros da cúpula do Poder Judiciário, de modo a impedir que eventuais ações jurisdicionais proferidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) possam contrapor os interesses ilícitos do grupo criminoso".
Malafaia organizou o ato de apoio a Bolsonaro em 3 de agosto, no qual o ex-presidente participou por vídeo transmitido em redes sociais de terceiros. A aparição resultou, no dia seguinte, na decretação de prisão domiciliar do ex-presidente.
A inclusão do pastor no inquérito gerou reação da bancada evangélica. O deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), líder da bancada do PL na Câmara, afirmou na semana passada considerar a medida "perseguição religiosa".
"É uma situação gravíssima, um absurdo. A perseguição autoritária juristocrática que se dava por motivos ideológicos agora incluiu a perseguição religiosa, a perseguição a um pastor", afirmou.
A pastora Elizete Malafaia, mulher do pastor, disse à Folha que acompanha o marido no aeroporto. Até as 20h45, ele estava prestando depoimento e tinha ao seu lado Jorge Vacite Neto, seu advogado.
Segundo Elizete, policiais apreenderam, além do celular do pastor, cadernos de mensagem dele.
Fonte: Revista40graus e colaboradores