Golpes virtuais se profissionalizam e fazem 56 milhões de vítimas no Brasil
Fraudes digitais causaram prejuízo de R$ 112 bilhões em um ano; especialistas fazem alertaOs golpes virtuais estão cada vez mais sofisticados e atingem um número alarmante de brasileiros. Nos últimos 12 meses, um em cada três brasileiros perdeu dinheiro em fraudes digitais, totalizando 56 milhões de vítimas e prejuízos estimados em R$ 112 bilhões, segundo levantamento recente do setor de cibersegurança.
De acordo com Neife Urbano de Araújo, líder de cibersegurança para serviços financeiros da Accenture, as fraudes migraram do ambiente físico para o digital.
“Se há 20 ou 25 anos víamos assaltos e roubos em agências bancárias, hoje tudo acontece no mundo digital — um ambiente com menos atrito, onde é difícil identificar quem está por trás dos crimes”, explica o especialista.
O terapeuta ocupacional Igor Pedrosa é uma das vítimas dessa nova modalidade de crime. Ele conta que caiu em um golpe ao tentar comprar a casa própria por meio de uma plataforma de venda de imóveis.
“O vendedor priorizou quem tinha carta de crédito, mas exigiu um valor para acessá-la. Esperei, e a carta nunca veio. Além dos R$ 25 mil que paguei, começaram a chegar boletos. Perdi o dinheiro e o sonho da casa própria”, relata.
As quadrilhas virtuais atuam cada vez mais na deep web — a parte oculta da internet que não aparece em mecanismos de busca. Nela, criminosos vendem senhas, logins e softwares maliciosos, além de manter uma verdadeira cadeia produtiva para aplicar golpes e dificultar o rastreamento do dinheiro.
Um estudo da Febraban aponta que os criminosos costumam enviar mensagens e e-mails falsos para invadir celulares e computadores. Depois, transferem o dinheiro via Pix para contas laranjas e convertem os valores em criptomoedas, multiplicando os intermediários e dificultando o rastreio.
Segundo Neife Urbano, as quadrilhas funcionam de forma altamente organizada.
“Parece que é uma pessoa só aplicando o golpe, mas não é. Cada etapa tem um ‘especialista’: quem rouba os dados, quem converte em cripto e quem lava o dinheiro. É um sistema completo. O elo mais fraco continua sendo o comportamento humano”, afirma.
Diante do avanço dessas fraudes, especialistas recomendam buscar informação e capacitação para identificar ameaças e adotar práticas seguras no ambiente virtual.
Enquanto isso, vítimas como Igor tentam se reerguer.
“Perdi o dinheiro e um sonho. Fiquei sem ter um norte”, lamenta.
Fonte: Revista40graus e colaboradores
